AMOR FAZ BEM PRA PELE

 Sim, meus amados amigos! Até que enfim, venci esta batalha terrível!

Depois de 60 dias de tratamento intensivo médico e isolamento, no dia 17 de março de 2015, dia de St. Patricks (representado pelo trevo da sorte), recebi minha tão esperada alta clínica! Nada mais oportuno. A partir de agora, dia 17/03 também é dia de festa lá em casa!

Não tenho dúvida alguma que a qualidade da equipe médica da Santa Casa, da atenção irrestrita do meu marido Beto, da presença confortante da minha família (Legendre – Dal Molin) e as correntes fortíssimas de energia, orações e rezas foram as responsáveis pela minha recuperação.

Sou uma privilegiada! Tive uma torcida organizada de tirar o chapéu! A cada dia que tive alguma condição de entender o que se passava, chorava de emoção, por tanto amor que eu recebia! Amor que vinha de todos os lados!

Apesar de muitos saberem o que aconteceu, vou fazer um breve relato para que algumas questões sejam esclarecidas, já que não fiz uma cirurgia plástica, nem fugi para um SPA, nem fiz um enxerto de pele no rosto! Kkkk Sim, isso tudo já foi dito!
Pois bem, logo depois do Reveillon, no dia 03.01, comecei a me sentir indisposta, com tonturas e náuseas. Como este mal estar não passava, procurei atendimento de emergência num hospital aqui da cidade (dia 07.01). Lá, concluíram que eu apresentava sintomas de desidratação em decorrência de uma gastroenterite. Tomei Raniditina, Nausedron, Buscopan Composto (injetável) e para o tratamento em casa, Tropinal, Vonau, Helmiben NF e Biovicerin (via oral).

Dia 10, umas “Bolinhas vermelhas” começaram a aparecer nos meus punhos, mãos e pés como se fossem brotoejas, sem qualquer dor ou incômodo.

No dia 13, iniciei o tratamento para alergia, tomando Allegra, pois as bolinhas começaram a se espalhar pelo meu corpo (costas, coxas e tronco), iniciando coceira e ardência. Com a piora, passei a tomar Cortisona, muito bem orientada pela minha dermato.

Na noite do dia 15, essas bolinhas começaram a se juntar e formar umas “manchas vermelhas” e a ardência aumentou consideravelmente.

Voltei àquela mesma emergência médica, já bem nervosa, onde me aplicaram Hidrocortisona e Fenergan. Nada melhorava.

Na manhã do dia 17.01, fui hospitalizada na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Já na emergência, surgiu a suspeita de Síndrome de Stevens-Johnson. Fui recebida pela equipe de dermatologia, médicos incríveis que ficaram ao meu lado até o final!

Entretanto, com o resultado de uma biópsia dois dias depois, identificaram que a doença evoluiu para uma espécie mais grave, chamada de NET (Necrólise Epidérmica Tóxica ou Síndrome de Lyell). Bem, não recomendo nem um pouquinho, mas sei que muitos “deram um Google” e se depararam com cenas de horror. E sim, foi o que eu vivi, só que com um pouquinho mais de pimenta, já que as fotos são terríveis, mas não traduzem a dor que eu senti. São dores lancinantes, atormentadoras, que somente muitas doses de Morfina davam um descanso (soninho de 45 min, mais ou menos) e aos meus cuidadores e acompanhantes.

Óbvio que eu não tinha a menor ideia do que se tratava, assim como muitos de vocês. A NET é uma doença autoimune (no melhor estilo Dr. House kkkkk) bem grave e rara (já me disseram que a incidência é de 1/1,000,000 ou 3/1,000,000).
Sim, pensei nisso também, acertar na Mega Sena é mais fácil! 😀 (Bora providenciar uma fézinha!)
Foram 20 dias de horror no hospital, perdi mais de 95% da pele do meu corpo, fiquei em carne viva. Meu olho ficou embaçado, não enxergava quase nada. Perdi muito cabelo, o couro cabeludo foi atingido. Não tinha posição para deitar, dependia completamente de outras pessoas para fazer qualquer coisa, como me mexer, beber água, comer e tudo mais.

Neste período, somente meu marido e cuidadoras particulares entravam no quarto me acompanhando em razão do enorme risco de infecção.

Depois, foram mais 20 dias de isolamento em casa, para evitar a contaminação hospitalar. Período não menos complicado, em que a Cuidadora Jussara, minha sogra e meu marido foram incansáveis com as minhas necessidades.

Mais 20 dias, precisei de cuidados para recuperar a imunidade, anemia e a lenta (naquele meu ponto de vista) recuperação da pele e da independência física.

Foram 60 dias de dor e limitações, mas de muito aprendizado e compreensão maior sobre as coisas da vida. E a conclusão, ainda que eu achasse isso bem clichê, nada importa mais na vida do que ter saúde e amor ao próximo. Não há dinheiro, realização profissional ou pessoal, vaidade que se sobreponham ao amor e ao carinho que os amigos e a família nos dão.

O amor que a gente dá e recebe. Isso sim é sinônimo de vida e cura. Nada mais importa. Nada, podem ter certeza! O amor faz bem para a pele, realmente! Me sinto ótima e sem qualquer dor, cicatriz ou sequela.

Aqui, fica meu agradecimento formal:

Às médicas residentes (hoje Dermatologistas) Dra. Débora Sartori e Dra. Ana Eliza Antunes Bomfim que estavam lá o tempo todo comigo. Santas Dras. Débora e Ana! Sofreram comigo e tiveram a maior paciência com minhas crises de dor e falação desesperada! Literalmente seguraram minha mão e me apoiaram como amigas de longa data. E assim tenho elas desde então na minha vida! Muito amor!

Aos Drs. Rodrigo Duquia e Magda Weber (dermatologistas) e Alessandro D’Ávila (medicina interna) que foram verdadeiros heróis que seguraram este drama todo e me trouxeram de volta à vida, já que o risco de morte foi maior do que 80%. Vocês foram os melhores médicos que eu poderia ter! Absolutamente competentes, sensatos, atenciosos, serenos e doces! <3 Muito amor e gratidão pelos meus médicos!

À Minha amiga e Advogada Caia, que esteve ao lado da minha família todos os dias, orientando e dando suporte jurídico e emocional. Não tenho palavras para agradecer! Muito amor por ti, amiga, pela Tia Ana, pelo casal Flávia e Dr. Daniel Pretto Schünemann, e seus filhos, Gabi e Duda, que me mandaram videos motivadores fofos e, em especial, o Fred, que escreveu a carta mais linda que já recebi acompanhada de uma mala (sim, uma mala!) de delícias que ele mesmo foi comprar no supermercado para me deixar mais feliz! Muito muito amor!

À minha dinda e protetora-mor, Rima Huwwari (extensivo à D. Fahime, Lobão, Núbia, Robertinho, Mumu e o pequeno Jamil), que sempre foi mais do que uma chefe e conselheira, foi uma mãe em diversos momentos da minha vida. Tenho muito amor por esta família! Gratidão e amizade eternas!

Ao nosso dindo da vida e amigo Ricardo Tevah, que foi um mundo de generosidade e preocupação com o meu bem-estar. Que me presenteou com o maior alento que tive nesses vários dias de tratamento; as Cuidadoras Sonia e Jussara (da equipe da Enfermeira Amélia Tajes). Através delas, recebi o maior amor do mundo! Estas mulheres foram anjos enviados à Terra! Me cuidaram como uma pequena princesa, como uma filha, com carinho e cuidados imensos, coragem e muito bom humor! Que Deus abençõe muito vocês e suas famílias!

À minha amiga e Dermatologista Sabrina Sanvido, que eu amo imensamente e que esteve solidária e levando sempre aquele olhar lindo e doce, cheia de carinho e delicadeza. Jamais esquecerei o que fizeste por mim, amiga!

Aos meus amigos verdadeiros e fortes que rezaram, organizaram correntes, participaram de grupos de orações, atendimentos espíritas, aos grupos de Heike de todo o Brasil (através da Carmen Zolin e Andrea Faitarone do Sim), que enviaram mensagens e videos cheios de carinho, apoiaram o Beto incondicionalmente, nosso Muito Muito, mas Muito Obrigada. À Ju VL, Dani D., Débi, Lisi C., Gabi V. e Chi (que sabem o pq). A todos meus amigos amados que rezaram por mim, por nós. Perdão por fazer vocês passarem por esta dor também. Não há nada mais forte do que o pensamento positivo, a energia emanada e a verdadeira Torcida Organizada que vocês me proporcionaram! Nada me emocionou mais do que receber este amor imenso o tempo todo. Com certeza, vocês têm uma parcela gigantesca na minha recuperação e na minha vida!

À minha família (os Moreira, os Legendre e os Dal Molin). Eu não poderia ter pessoas tão especiais ao meu lado nesta vida! Todos nós sofremos muito, mas aprendemos também. Se não fosse este amor incondicional, o apoio, a paciência, a dedicação, eu não teria me recuperado tão bem e tão rápido. Estamos juntos pra sempre e meu amor e gratidão são maiores que o Universo! Obrigada, pai Carlos, mãe Sonia, sogro Alberto e a melhor sogra Inez, que estiveram além de tudo, fisicamente ao meu lado, me segurando, me alimentando, me banhando. Isto tudo, absolutamente não tem preço!

E finalmente, à melhor pessoa que existe no meu mundo! Meu melhor amigo, meu maior companheiro, pessoa mais linda, mais do que especial e iluminada, que sofreu mais do que eu (pois viveu cada segundo doloroso ao meu lado, sem tomar qualquer dose de Morfina), que rompeu limites de cansaço, que tomou para si toda a responsabilidade pelo meu bem-estar e recuperação, que jamais me transmitiu temor ou incerteza com tudo aquilo que estava acontencendo. Que segurou no osso as piores cenas que poderíamos imaginar. Que rezou comigo ferozmente em noites de desespero, que me colocou no colo quando achávamos que nada mais poderia nos ajudar. Que controlou cada gota de medicação que me davam. Que renovou votos de amor e companheirismo diariamente, assim que chegava ao hospital e me via muito frágil e muito doente, com os piores prognósticos. Nada pode ser maior que nosso amor, Beto Dal Molin! Fiz a melhor escolha da minha vida ao acreditar na nossa história, no sentimento único que nos une, nas circunstâncias que nos apoderam, na vida que nos fortalece. Casaria contigo mais de 1 milhão de vezes, de olhos fechados. Tu és um guerreiro. A melhor pessoa do mundo. Meu amor e admiração não cabem em mim! Te amo para todo o sempre!

Texto: Karine Legendre

Foto: Vini Dalla Rosa